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Prolapso Uterino

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Mensagem  Diógenes Coelho Sex Dez 20, 2013 9:29 pm

O prolapso genital representa um problema socioeconômico importante. Entretanto, os dados epidemiológicos dessa enfermidade são difíceis de serem obtidos, uma vez que muitas mulheres escondem o fato, aceitando-o como uma consequência natural do envelhecimento ou dos partos vaginais. Na maioria dos estudos, a prevalência estimada é de 40% das mulheres.

A Sociedade Internacional de Continência (ICS) define o prolapso genital como o descenço da parte vaginal anterior e/ou posterior, assim como do ápice da vagina (prolapso uterino ou da cúpula vaginal após histerectomia).

São sugeridos vários fatores de risco para a herniação do conteúdo pélvico e/ou intraperitoneal no canal vaginal, sendo que a doença pode ser atribuída a uma combinação de fatores que varia de paciente para paciente. Entre os fatores de risco destacam-se: gestação, parto vaginal, menopausa (envelhecimento e hipoestrogenismo), pressão abdominal cronicamente afetada (como em doença pulmonar obstrutiva crônica, constipação e obesidade), traumatismo do assoalho pélvico, fatores genéticos (como raça e distúrbios do tecido conjuntivo), histerectomia e coluna vertebral bífida.

Os termos cistocele, retocele, uretrocistocele, prolapso uterino, retrocele e enterocele são tradicionalmente usados para descrever a localização da protrusão. Entretando, esses termos podem ser imprecisos e podem não refletir exatamente o órgão prolapsado. Apesar desses termos estarem profundamente enraizados, clinicamente é mais útil descrever o prolapso como, por exemplo, prolapso da parede vaginal anterior, prolapso apical da parede vaginal, prolapso cervical, prolapso da parede vaginal posterior, prolapso perineal e prolapso retal.
A classificação do prolapso genital apresenta variabilidade muito ampla. Várias classificações usam termos indefinidos, não padronizados, que dificultam a comparação entre estudos do tema e avaliações longitudinais.

Em 1999, a ICS propôs uma nova classificação, visando padronizar de forma mais reproduzível e fiel os prolapsos genitais conforme descrita por Bump et al. em 1996. Nesta classificação, os prolapsos são estadiados após a identificação do ponto de maior prolapso através da manobra de Valsalva, em ortostatismo ou por tração do ponto máximo de prolapso. Assim, os prolapsos são classificados nos seguintes estádios:
• Estadio I: ponto de maior prolapso está localizado até 1cm para dentro do hímen;
• Estádio II: ponto de maior prolapso está localizado entre 1cm acima e 1cm abaixo do hímen;
• Estádio III: o ponto de maior prolapso está a mais de 1cm para fora do hímen, porém sem ocorrer eversão total;
• Estádio IV: eversão total do órgão prolapsado. O pondo de maior prolapso fica, no mínimo, no comprimento vaginal menos 2cm.

EntretanTo, a classificação de Baden e Walker modificada é a mais difundida em nosso meio. Nela, termos distintos são utilizados para os prolapsos dos diferentes compartimentos, sendo os prolapsos uterinos classificados em:
• 1º grau – o colo do útero alcança o introito vaginal, sem ultrapassá-lo;
• 2º grau – apenas o colo ou o colo e uma parte do útero ultrapassa o introito;
• 3º grau ou completo – todo o útero está exteriorizado além do introito vaginal.

Os sintomas são pouco comuns em mulheres com prolapsos iniciais (estádios I e II) e frequentemente não são correlacionados com o nível anatômico dos prolapsos. O quadro clínico envolve queixas urinárias (incontinência de esforço, disúria, polaciúria, nictúria, urgência miccional, sensação de esvaziamento incompleto, retenção urinária, ITU de repetição, necessidade de mudar a posição para iniciar ou finalizar o esvaziamento vesical e etc), intestinais (constipação, dificuldade ou desconforto para evacuar, evacuação incompleta, necessidade de auxílio de manobras manuais para esvaziamento intestinal, incontinência de flato ou fecal, urgência fecal e etc), sexuais (dificuldade na penetração, diminuição da sensação vaginal, dor e desconforto às relações sexuais) e sintomas locais (sensação de pressão ou peso na vagina, dor vaginal ou perineal, sensação de protrusão pela vagina, lombalgia, dor ou pressão abdominal, sangramento e corrimento purulento).

O diagnóstico baseia-se em uma anamnese e exame pélvico adequados, sendo os métodos complementares menos importantes. Uma exceção é a ocorrência de prolapso uterino em nulíparas, quando se pode suspeitar da presença de espinha bífida. Nesse caso, é indispensável a solicitação de radiografia de coluna lombo-sacra.

O tratamento conservador, através de pessários, é indicado para pacientes que não desejam o tratamento cirúrgico, nas que apresentam alguma contraindicação ao mesmo e nas pacientes que não tem prole definida e apresentam o desejo de ter filhos. Os pressãrios estão disponíveis em vários tamanhos e formas, devendo a paciente ser orientada quanto as possíveis complicações de sua utilização, como ulceração da mucosa, incômodo na relação sexual e corrimento.

A cirurgia é o tratamento de eleição dos prolapsos genitais, com o objetivo de aliviar os sintomas, restaurar a anatomia e corrigir condições ginecológicas associadas. São várias as técnicas cirúrgicas, sendo as cirurgias conservadores preconizadas nas pacientes que não tem prole definida e as radicais nas pacientes com prole definida.

Camargos, A.F.; Melo, V.H.; Carneiro, M.M., Reis, F.M.Ginecologia Ambulatorial: Baseada em Evidências Científicas, 2 Ed., Belo Horizonte, Coopmed, 2008.
Berek JS. Novak/Tratado de Ginecologia. 14ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
Rogers RG, Fashokun TB. An overview of the epidemiology, risk factors, clinical manifestations, and management of pelvic organ prolapse in women. UpToDate, 2013.
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Diógenes Coelho

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