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Avaliação da incontinência urinária

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Mensagem  EduardoCM Qua maio 14, 2014 8:11 pm

A perda involuntária de urina é uma condição com grande potencial de prejuízo social para os pacientes e está relacionado com um tabú que pode levar pacientes a demorar ou não procurar ajuda, com exceção de casos avançados. É uma doença mais comum em mulheres idosas, tendo uma prevalência que pode chegar a 50%, portanto a triagem para essa condição é recomendada e o manejo dentro da alçada do médico da atenção primária sendo encaminhamentos a exceção.
Existem 3 classes de incontinência, muitas pacientes se encaixam em mais de uma categoria. 1) incontinência com urgência: o paciente sente urgência e perda involuntária de urina que pode ser poucas gotas ou uma perda abundante, acredita-se que esse tipo está associado com a bexiga hiperreativa 2) incontinência de estresse: o paciente perde urina em situações em que há aumento da pressão intraabdominal como na tosse, esforço físico ou espirros, potencialmente está relacionado com um aumento da pressão intravesical superior aquela realizada pelos mecanismos esfincterianos que fecham a uretra. 3) incontinência de sobrecarga: consiste de uma perda contínua de gotas de urina e sensação permanente esvaziamento vesical incompleto, é causada por incompetência do detrusor ou obstrução da via de saída de urina.
A função do médico da atenção primária é identificar e abordar causas reversíveis de incontinência. As causas de origem genitourinaria mais comuns são: contrações involuntárias do detrusor, redução da capacidade de contração do detrusor, baixos níveis de estrogenio, redução da pressão de fechamento uretral. As causas sistêmicas mais comuns são: ICC, déficits neurológicos, DM, diabetes insipidus, câncer.
O primeiro passo para realizar a avaliação é classificar o tipo de incontinência que a paciente apresenta e afastar causas potencialmente perigosas como distúrbios neurológicos ou câncer. Uma ferramenta diagnóstica caso a paciente tenha dificuldade de relatar os sintomas é pedir para realizar um diário com todas as horas em que consome líquidos e quando urina, descrevendo quando há perda urinária e quantas vezes urinou durante a noite. Sinais de alerta da incontinência incluem: início súbito, presença de dor / massa pélvica associada, hematúria, mudanças na marcha, redução da força em MMII, sintomas cardiopulmonares e neurológicos e mudanças do comportamento.
Todas as mulheres com incontinência devem se submeter a um exame pélvico, um teste de provocação pode ajudar a diferenciar entre uma incontinência de estresse e uma de urgência. O LH do teste positivo é de 3,1 (1,7-5,5) e é realizado pedindo para a paciente, com a bexiga cheia, ficar de pé sobre uma superfície com um papel e sem roupas intimas e tossir uma única ver bem forte, o médico deve avaliar se tem perda urinária nesse procedimento, o VPN desse teste não é bom.
Não é recomendado requisitar exames urodinâmicos ou US para avaliar volume residual de maneira costumeira na avaliação inicial devido a falta de evidências favoráveis e pelo fato de a maioria dos diagnósticos dispensar seu uso. A grande importância do estudo urodinâmico é a confirmação de um diagnóstico já altamente suspeito para poder realizar procedimento cirurgico.
EAS e urocultura deve ser realizado de pacientes com suspeita de ITU, o médico deve se atentar para que a bacteriúria assintomática em mulheres idosas é comum e não justifica a incontinência. Se há suspeita de DM deve-se pedir glicose de jejum, não há evidências da necessidade de avaliar a creatinina sérica.

EduardoCM

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Mensagem  Rodrigo Pastor Sex maio 23, 2014 4:09 pm

Legal. Gostei da descrição. Parece ter ajudado bastante na sua dúvida. Qual foi a fonte que você utilizou?
Como pôde perceber, a anamnese e o exame físico dão pista importantes e podem fechar o diagnóstico e conduta inicial na maioria dos casos. Em relação ao tema gostaria de sugerir uma outra ferramenta de apoio à decisão clínica, que você pode compartilhar com os colegas se quiser, que são os clinical pathways, do NICE. Todos baseados em ótimas evidências. Se quiser experimentar, esse é o link para o de incontinência urinária em mulheres. http://pathways.nice.org.uk/pathways/urinary-incontinence-in-women/urinary-incontinence-in-women-overview
Abç,
Rodrigo

Rodrigo Pastor

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Mensagem  EduardoCM Dom maio 25, 2014 10:47 pm

Foi mal não ter colocado, a fonte foi vários artigos do Uptodate, acabe que um vai levando no outro. Eu gostei bastante do NICE, bem fácil de usar!

EduardoCM

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