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Diagnóstico e Tratamento de Depressão

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Mensagem  Júlio César Leite Fortes Dom Dez 07, 2014 8:40 am

Avaliação de paciente com depressão
Os pacientes frequentemente apresentam história pessoal ou familiar de depressão. Alguns, mas certamente não todos, terão passado por uma situação recente de estresse, trauma ou perda ou apresentam uma afecção clínica comórbida. Em pacientes idosos, a depressão pode se apresentar como redução nos autocuidados, retardo psicomotor, irritabilidade e apatia. Esses pacientes também podem apresentar um transtorno cognitivo grave (deficit de memória) como resultado da depressão. Fatores de risco importantes incluem idade avançada; parto, estresse ou trauma recente; afecções clínicas coexistentes (diabetes, câncer, acidente vascular cerebral, infarto agudo do miocárdio e obesidade); história pessoal ou familiar de depressão; certos medicamentos (por exemplo, corticosteroides) e sexo feminino.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, quinta edição (DSM-5), o principal critério para o diagnóstico é: humor depressivo na maior parte do dia, quase todos os dias, por um período de 2 semanas, junto com 4 outros sintomas de depressão; perda de peso significativa quando não se está em dieta, ganho de peso, diminuição ou aumento de apetite quase todos os dias; interesse ou prazer diminuídos em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias, por um período de 2 semanas, junto com 4 outros sintomas de depressão; pode mostrar libido reduzida; insônia ou hipersonia quase todos os dias; agitação ou retardo psicomotores quase todos os dias; fadiga ou perda de energia quase todos os dias; sentimentos de falta de valor próprio ou culpa excessiva ou inadequada quase todos os dias; capacidade diminuída para pensar ou se concentrar quase todos os dias; pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida recorrente sem um plano específico; não deve haver evidência de mania ou hipomania; não deverá ser feito diagnóstico de transtorno depressivo maior se for possível atribuir os sintomas primariamente ao abuso de substâncias.
Tratamento para depressão
Os objetivos do tratamento são erradicar os sintomas de depressão, melhorar as funções diárias e a qualidade de vida, reduzir a probabilidade de suicídio, minimizar os efeitos adversos do tratamento e impedir a recidiva. As modalidades de tratamento incluem medicação, psicoterapias, intervenções de suporte e eletroconvulsoterapia (ECT). Para pacientes com depressão submetidos a tratamento ambulatorial, existem benefícios significativos associados com o modelo de cuidados crônicos colaborativo, que incorpora treinamento de pacientes, suporte organizacional e recursos comunitários, entre outras intervenções multidisciplinares.
Apesar do que pode ser relatado na mídia, demonstrou-se que os medicamentos antidepressivos são superiores ao placebo no tratamento da depressão. Nenhuma diferença significativa foi demonstrada entre os antidepressivos quanto a segurança ou eficácia em geral. Os benefícios aumentam com a gravidade da depressão. As semanas iniciais do tratamento com inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs; por exemplo, citalopram, escitalopram, fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina, sertralina) parecem estar associadas a um risco elevado de pensamentos sobre suicídio. No entanto, o resultado final da resposta ao antidepressivo é uma redução significativa na ideação suicida. Foram emitidas advertências sobre a segurança do uso de ISRS na gestação, mas os riscos são relativamente pequenos. É mais provável que mulheres que interrompem o medicamento antidepressivo venham a apresentar uma recidiva da depressão durante a gestação. Os médicos devem discutir os riscos e benefícios com suas pacientes grávidas. O uso de ISRSs é associado a um risco pequeno, mas aumentado, de sangramento. Não é recomendado ISRS em alta dose para tratamento de depressão em pacientes refratários ao tratamento com dose média. Os inibidores da recaptação de serotonina-noradrenalina (IRSNs; por exemplo, venlafaxina, duloxetina) são potentes inibidores da captação de serotonina e noradrenalina e fracos inibidores da recaptação da dopamina. Um inibidor da recaptação da dopamina (isto é, bupropiona) e um antagonista receptor de 5-HT2 (isto é, mirtazapina) também podem ser usados como tratamento de primeira linha. Os antagonistas receptores de 5-HT2 são potentes inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina e fracos inibidores da recaptação da dopamina. O tratamento deve ser continuado por 9 a 12 meses após a remissão ou por um período maior, caso exista história de recidivas ou recorrências frequentes. É possível que o primeiro agente escolhido não seja eficaz, sendo necessário mudar para um agente alternativo de segunda ou terceira geração. Considere uma troca de classe de medicamento; se o paciente estava usando ISRSs, experimente um IRSN. Se o tratamento não foi tolerado por causa de feitos colaterais, procure usar um agente com menos efeitos colaterais ou com efeitos colaterais diferentes. Quando há a troca de um agente, retome o acompanhamento semanal até que uma resposta seja aparente e continue com a psicoterapia. No final de 4 tentativas, 60% a 70% dos pacientes têm probabilidade de responder ao tratamento. Para pacientes que permanecem refratários ao tratamento, considere uma reavaliação diagnóstica ou verifique se pode estar havendo algum problema quanto à adesão terapêutica, ou ainda se fatores como abuso de substâncias ou afecção clínica que podem estar interferindo com o tratamento.
A monoterapia com um antidepressivo tricíclico (por exemplo, amitriptilina, desipramina, doxepina, imipramina ou nortriptilina) é uma opção de tratamento de segunda linha. Os antidepressivos tricíclicos (ADTs) são inibidores da recaptação de noradrenalina e serotonina e são usados com menos frequência por causa de seus múltiplos efeitos adversos.

Júlio César Leite Fortes

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