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Dor abdominal recorrente

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Mensagem  Christian Gomes Qui maio 21, 2015 11:11 pm

Dor abdominal recorrente

A dor abdominal recorrente é a que se manifesta três ou mais vezes durante um período de, pelo menos, três meses.

Mais de 10 % das crianças em idade escolar sofrem de dores abdominais recorrentes. É mais frequente entre os 8 e os 10 anos e menos em crianças menores de 4 anos. A dor abdominal recorrente é um pouco mais frequente nas meninas do que nos meninos, sobretudo no princípio da adolescência.

Causas

A dor é provocada por uma doença orgânica em 5 % ou 10 % das crianças com dor abdominal recorrente. As doenças que podem provocar dor abdominal recorrente variam muito e incluem problema genitourinários, intestinais e doenças gerais.

Por vezes, a dor abdominal recorrente é provocada pelo funcionamento anormal dos órgãos interiores. Por exemplo, o intestino pode funcionar anormalmente se a dieta da criança não for apropriada, sobretudo se a criança não puder tolerar certos alimentos, como o leite e os produtos lácteos. (Ver secção 9, capítulo 110) Outra razão do funcionamento anormal do intestino é a prisão de ventre devida à diminuição da actividade do cólon, às vezes como reacção a uma aprendizagem deficiente dos hábitos higiénicos. Nas adolescentes, a dor abdominal pode ser devida a cãibras musculares no útero durante o período menstrual doloroso (dismenorreia). (Ver secção 22, capítulo 234) Ocasionalmente, a libertação de um óvulo do ovário durante o ciclo menstrual é dolorosa.

Em 80 % ou 90 % dos casos, a dor abdominal recorrente não se produz por um problema físico ou funcional, mas sim psicológico. A dor derivada de uma perturbação psicológica parece activar-se ou agravar-se pela tensão, pela ansiedade ou pela depressão.

Sintomas

Os sintomas da dor abdominal recorrente variam conforme a causa. A dor provocada pela doença orgânica normalmente não desaparece, ou pode manifestar-se em ciclos, muitas vezes provocada por certas actividades ou determinados alimentos. A dor tem tendência para desaparecer num sítio específico do abdómen, normalmente não na zona do umbigo, e pode chegar às costas. Uma infecção do aparelho urinário, geralmente, não provoca dor de costas, como acontece no adulto, mas sim dor de abdómen ou da pelve inferior. Com frequência, a dor pode despertar a criança.

Conforme a doença orgânica que a criança tenha, podem aparecer os seguintes sintomas: perda de apetite, perda de peso, febre persistente ou recorrente, icterícia, alterações na forma e na cor das fezes, prisão de ventre ou diarreia, presença de sangue na defecção, vómitos de alimentos ou de sangue, inflamação do abdómen e dor ou inflamação das articulações.

Os sintomas de dor abdominal recorrente provocada pelo funcionamento anormal dos órgãos variam conforme a causa subjacente. Por exemplo, se a criança não tolera lactose, a dor pode aparecer uns minutos ou duas horas depois de beber leite ou de comer um produto lácteo. Se a criança tiver uma doença de vesícula, a dor abdominal pode começar imediatamente depois de ingerir alimentos gordos.

A dor causada por factores psicológicos pode aparecer todos os dias ou esporadicamente. Por vezes, a criança não sofre dor durante semanas ou meses. Normalmente, a dor é muito forte e é descrita em termos vagos, às vezes como cãibras. Este tipo de dor raramente acorda uma criança durante a noite, mas pode fazer com que acorde antes do habitual.

A dor abdominal por causa psicológica percebe-se muitas vezes à volta do umbigo. Quanto mais longe do umbigo se manifestar a dor, maiores são as probabilidades de a causa ser física. A dor psicológica, por vezes, é parecida com a causada por um problema físico, mas, normalmente, não muda nem piora. Uma alteração significativa na natureza da dor pode ser sinal de que a criança também sofre de um problema físico.

Diagnóstico

Para confirmar a causa da dor, o médico formula algumas perguntas à criança ou aos pais: como é a dor, quando aparece, onde está localizada, o que é que a provoca, o que é que a piora ou a alivia. O médico pergunta por outros sintomas que acompanham a dor, como náuseas, vómitos, febre ou erupção.

O diagnóstico de uma dor por causa psicológica pode ser difícil. O médico assegura-se primeiro de que um problema físico não está a provocar a dor. A criança pode estar afectada por tensão em casa, devido a uma doença recente na família, por problemas económicos ou pela separação ou perda de um ser amado. As crianças que se encontram sob tensão têm as mesmas probabilidades que qualquer outra pessoa de adoecer fisicamente.

Prevenção e tratamento

O tratamento da dor abdominal recorrente por um problema físico ou funcional depende do problema subjacente. Por exemplo, uma alteração na alimentação pode ser útil se a dor for provocada pela ingestão de alguns alimentos. Os calmantes como o ibuprofeno podem aliviar as dores menstruais.

A dor abdominal recorrente por causas psicológicas não é imaginária. É uma forma de dor provocada por factores como o stress e a tensão. Para aliviar o stress da criança, os pais farão o possível para a motivar a continuar a ir às aulas apesar da dor. Ao mesmo tempo, os professores podem colaborar ajudando a criança a resolver os problemas relacionados com a escola.

Na escola, à criança que necessita de um recreio de 15 a 30 minutos deve ser permitido ir à enfermaria escolar descansar. Com a permissão dos pais, no caso de ser necessária, a enfermeira pode dar à criança um calmante suave, como ibuprofeno ou paracetamol (acetaminofen). Em alguns casos, a enfermeira pode permitir que a criança chame os pais, que podem então convencer a criança a ficar na escola. Regra geral, a criança pedirá para ir à enfermaria uma ou mais vezes por dia durante a primeira ou segunda semana de tratamento. Este comportamento, normalmente, depressa desaparece. Habitualmente, quando os pais deixam de tratar a criança como se fosse diferente ou como se estivesse doente, a dor que tiver causas psicológicas piora inicialmente para depois melhorar.

O médico normalmente examina uma criança que tenha dor abdominal de ordem psicológica a intervalos regulares: semanal, mensal ou bimestralmente, dependendo das necessidades da criança. Depois de o problema ser resolvido, o médico pode submeter regularmente a criança a revisões durante alguns meses. O tratamento nem sempre é eficaz. Algumas crianças desenvolvem outros sintomas físicos ou dificuldades emocionais. Se a dor persistir apesar de todos os esforços, sobretudo se a criança estiver deprimida ou se existirem problemas matrimoniais ou psicológicos em casa, a criança pode requerer a assistência de um psicólogo ou de um psiquiatra.

Algumas causas de dor abdominal recorrente

Problemas intestinais

Hérnia hiatal.
Hepatite (inflamação do fígado).
Colecistite (inflamação da vesícula biliar).
Pancreatite (inflamação do pâncreas).
Úlcera péptica.
Infestação por parasitas (por exemplo, giardiase).
Divertículo de Meckel.
Doença de Crohn.
tuberculose intestinal.
Colite ulcerosa.
Apendicite crónica.

Problemas genitourinários

Deficiências de nascença.
Infecção das vias urinárias.
Doença inflamatória da pelve (nas meninas).
Quisto ovárico (nas meninas).
Endometriose (nas meninas).

Doenças gerais

Intoxicação por chumbo.
Púrpura de Henoch-Schonlein.
Drepanocitose.
Alergia aos alimentos.
Porfiria.
Anemia mediterrânea familiar.
Angiodema hereditário.
Enxaqueca.

Fonte: http://www.manualmerck.net/?id=291&cn=1540. Acesso em: 21/05/2015

Christian Gomes

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