Tratamento de parasitoses intestinais em crianças.
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Tratamento de parasitoses intestinais em crianças.
Para a abordagem terapêutica, foram consideradas as evidências referentes às parasitoses mais comumente encontradas: giardíase,
ascaridíase, ancilostomíase, tricuríase, enterobíase, estrongiloidíase e amebíase.
Giardíase:
Para o tratamento de giardíase, indica-se o uso de tinidazol 50 mg/kg, em tomada única. Sua indicação é decorrente tanto de sua maior eficácia >90% (> 98% de cura 7 dias após o tratamento, 86% após 14 dias e 72% após 21 dias), como pela comodidade de tomada única (o que é fator positivo para a aderência ao tratamento. O tratamento para giardíase de crianças sintomáticas e assintomáticas frequentadoras de creche reduz significativamente a prevalência da doença após 6 meses de tratamento. É importante, também, o tratamento das pessoas responsáveis pelos cuidados destas crianças. Outra opção para o tratamento da giardíase é o metronidazol 7,5 mg/kg, de 8 em 8 horas, por 5 dias, que apresenta taxa de cura de 98%, 21 dias após o tratamento, ou suspensão de 25 mg/ml (< 10 kg – 7,5 ml; 10 – 19,9 kg – 15 ml; 20 – 29,9 kg – 22,5–ml; ≥ 30 kg – 30 ml), de 8 em 8 horas, por 10 dias, com taxa de cura de 96%, 3 dias após o término do tratamento.
Ascaridíase:
O tratamento com albendazol 400 mg, única tomada, para ascaridíase demonstra ser eficaz no ganho ponderal (mais de 40% das
crianças com ganho maior que 10%) e na redução de ovos das fezes em 76% após 9 meses de tratamento, quando comparado a placebo
(p<0,01). O uso de albendazol 100mg, a cada 12 horas, por um dia, apresenta taxas de cura 21 dias após o tratamento de 97,5%, com redução na contagem de ovos de 99% em relação ao placebo (p<0,001). Mebendazol 500 mg, única tomada, apresenta taxas de cura maiores que 95%, bem como de redução de ovos após 21 dias de tratamento. Esquemas de mebendazol 100 mg, a cada 12 horas, por 3 e 6 dias demonstraram taxas de cura e de redução de ovos superiores a 95%47(B). Mebendazol 600 mg em dose única, em intervalos de quatro meses, é mais eficaz (taxa de cura de 97,5%) do que albendazol 400 mg, dose única, a cada seis meses (taxa de cura de 83,5%) (x2 =45,1, p<0,0001) quando avaliados aos 12 meses após o tratamento. Mebendazol 500 mg e albendazol 400 mg, em única tomada, em intervalos de quatro meses, são igualmente eficazes no tratamento de ascaridíase, com taxas de cura de 99% após 21 dias de tratamento e de 97% após 4 meses (p>0,05). A prevalência após 6 meses de tratamento (67%) é similar à do período pré-tratamento (72%), provavelmente por reinfecção em ambientes de alta prevalência, indicando a necessidade de se optar pelo tratamento com um dos fármacos citados em intervalos de quatro meses. A combinação mebendazol-levamizol (500 mg/40 ou 80 mg) é superior ao uso de cada um dos dois fármacos isoladamente, com taxa aos 21 dias após o tratamento de 97,7% e de redução dos ovos de 99% (p< 0,001). Pamoato de piranteloxantel [(1 comprimido = 150 mg - peso 15-20 kg; 2 comprimidos - peso 21 – 30 kg e 3 comprimidos - peso 31 – 40 kg)34(B), ou no esquema de 10 mg/kg47(B), ambos em única tomada] demonstra ser alternativa eficaz no tratamento de ascaridíase, com taxas de cura e de redução de ovos após 21 dias maiores que 95%34,46(B). O uso de nitazoxanida e ivermectina, avaliado após 10 e 30 dias, respectivamente, demonstrou taxas de cura de 100%, com efeitos adversos mínimos, podendo ser boas alternativas para o tratamento de ascaridíase em crianças.
Ancilostomíase:
Após quatro semanas de tratamento com albendazol 400 mg em dose única, em intervalos de 6 meses, obtiveram-se maiores taxas de cura e de redução de ovos (79% e 98,5%, respectivamente), quando comparado ao uso de mebendazol 600 mg, a cada quatro ou 6 meses,
em dose única (taxas de cura de 46,6% e 43,8% e redução de ovos de 91,2% e 86,3%). Também o albendazol demonstrou superioridade na taxa de cura em relação ao mebendazol, após um ano de tratamento, tanto para o intervalo de 4 ou de seis meses (92,4% versus 55% e 50%), bem como na redução da contagem de ovos (98,5% versus 97,2% e 90,6%) (p<0,0001). A comparação dos mesmos fármacos, porém mebendazol 500 mg em tomada única, demonstra taxas de cura superiores para o albendazol após 21 dias de tratamento (97,4% versus 83% para mebendazol) e após 4 meses, com valores de 92,6% e 87,6%, respectivamente. Após 6 meses, a intensidade de infecção foi maior do que a de pré-tratamento para ambos os grupos tratados (prevalência pré-tratamento = 92% e pós-tratamento= 95%). Sugere-se reavaliar a periodicidade de repetição do tratamento (para 4 meses) em locais com maior vulnerabilidade, visto
o retorno dos valores de prevalências, o que se atribuiu a alta taxa de re-infecção.
Tricuríase:
Nitazoxanida apresentou taxas de cura de 100% dez dias após o tratamento, com efeitos adversos mínimos47(B). Ivermectina, após um
mês de tratamento, apresentou taxas de cura de 85%, também com efeitos adversos desprezíveis48(B). O uso de albendazol 400 mg,
em única tomada, em intervalos de seis meses, tem eficácia similar a mebendazol 600 mg a cada quatro meses (taxas de cura após um ano cerca de 68%) e ambos são mais eficazes do que o de mebendazol 600 mg, tomado no intervalo de seis meses (60%) (p=0,035). Os três esquemas terapêuticos obtiveram taxas de redução de ovos após um ano de tratamento maiores que 90%35(B). O sucesso terapêutico com o uso de albendazol 400 mg e de mebendazol 500 mg, ambos em única tomada, foi de 57,8% e de 77,2% após 21 dias e de 61,5% e 50,8% após 4 meses de tratamento, para cada fármaco, respectivamente. Após seis meses, as taxas de infecção foram similares às do período de pré-tratamento (prevalência pré-tratamento = 97% e póstratamento = 97%).
ENTEROBÍASE, ESTRONGILOIDÍASE E AMEBÍASE:
O tratamento ideal, principalmente quando não se dispõe de dados de prevalências locais, seria um fármaco de amplo espectro, devido à
comodidade de uso de uma única droga. Porém, não há medicamento único que seja eficaz para todas as enteroparasitoses mais prevalentes na infância. Uma alternativa pode ser o uso de albendazol, em intervalos de quatro meses, visando ao controle de ascaridíase, enterobíase, ancilostomíase, estrongiloidíase e giardíase. Nota-se que não é a primeira escolha para giardíase, principalmente se avaliarmos sua baixa eficácia 21 dias após o tratamento; porém é a opção mais abrangente com uma única droga visando ao controle das parasitoses mais prevalentes em geral. Se houver informação sobre alta prevalência de giardíase, pode-se associar o uso dos fármacos de escolha para seu tratamento, tinidazol ou metronidazol.
Fonte: Abordagem das Parasitoses Intestinais mais Prevalentes na Infância. Autoria: Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.
ascaridíase, ancilostomíase, tricuríase, enterobíase, estrongiloidíase e amebíase.
Giardíase:
Para o tratamento de giardíase, indica-se o uso de tinidazol 50 mg/kg, em tomada única. Sua indicação é decorrente tanto de sua maior eficácia >90% (> 98% de cura 7 dias após o tratamento, 86% após 14 dias e 72% após 21 dias), como pela comodidade de tomada única (o que é fator positivo para a aderência ao tratamento. O tratamento para giardíase de crianças sintomáticas e assintomáticas frequentadoras de creche reduz significativamente a prevalência da doença após 6 meses de tratamento. É importante, também, o tratamento das pessoas responsáveis pelos cuidados destas crianças. Outra opção para o tratamento da giardíase é o metronidazol 7,5 mg/kg, de 8 em 8 horas, por 5 dias, que apresenta taxa de cura de 98%, 21 dias após o tratamento, ou suspensão de 25 mg/ml (< 10 kg – 7,5 ml; 10 – 19,9 kg – 15 ml; 20 – 29,9 kg – 22,5–ml; ≥ 30 kg – 30 ml), de 8 em 8 horas, por 10 dias, com taxa de cura de 96%, 3 dias após o término do tratamento.
Ascaridíase:
O tratamento com albendazol 400 mg, única tomada, para ascaridíase demonstra ser eficaz no ganho ponderal (mais de 40% das
crianças com ganho maior que 10%) e na redução de ovos das fezes em 76% após 9 meses de tratamento, quando comparado a placebo
(p<0,01). O uso de albendazol 100mg, a cada 12 horas, por um dia, apresenta taxas de cura 21 dias após o tratamento de 97,5%, com redução na contagem de ovos de 99% em relação ao placebo (p<0,001). Mebendazol 500 mg, única tomada, apresenta taxas de cura maiores que 95%, bem como de redução de ovos após 21 dias de tratamento. Esquemas de mebendazol 100 mg, a cada 12 horas, por 3 e 6 dias demonstraram taxas de cura e de redução de ovos superiores a 95%47(B). Mebendazol 600 mg em dose única, em intervalos de quatro meses, é mais eficaz (taxa de cura de 97,5%) do que albendazol 400 mg, dose única, a cada seis meses (taxa de cura de 83,5%) (x2 =45,1, p<0,0001) quando avaliados aos 12 meses após o tratamento. Mebendazol 500 mg e albendazol 400 mg, em única tomada, em intervalos de quatro meses, são igualmente eficazes no tratamento de ascaridíase, com taxas de cura de 99% após 21 dias de tratamento e de 97% após 4 meses (p>0,05). A prevalência após 6 meses de tratamento (67%) é similar à do período pré-tratamento (72%), provavelmente por reinfecção em ambientes de alta prevalência, indicando a necessidade de se optar pelo tratamento com um dos fármacos citados em intervalos de quatro meses. A combinação mebendazol-levamizol (500 mg/40 ou 80 mg) é superior ao uso de cada um dos dois fármacos isoladamente, com taxa aos 21 dias após o tratamento de 97,7% e de redução dos ovos de 99% (p< 0,001). Pamoato de piranteloxantel [(1 comprimido = 150 mg - peso 15-20 kg; 2 comprimidos - peso 21 – 30 kg e 3 comprimidos - peso 31 – 40 kg)34(B), ou no esquema de 10 mg/kg47(B), ambos em única tomada] demonstra ser alternativa eficaz no tratamento de ascaridíase, com taxas de cura e de redução de ovos após 21 dias maiores que 95%34,46(B). O uso de nitazoxanida e ivermectina, avaliado após 10 e 30 dias, respectivamente, demonstrou taxas de cura de 100%, com efeitos adversos mínimos, podendo ser boas alternativas para o tratamento de ascaridíase em crianças.
Ancilostomíase:
Após quatro semanas de tratamento com albendazol 400 mg em dose única, em intervalos de 6 meses, obtiveram-se maiores taxas de cura e de redução de ovos (79% e 98,5%, respectivamente), quando comparado ao uso de mebendazol 600 mg, a cada quatro ou 6 meses,
em dose única (taxas de cura de 46,6% e 43,8% e redução de ovos de 91,2% e 86,3%). Também o albendazol demonstrou superioridade na taxa de cura em relação ao mebendazol, após um ano de tratamento, tanto para o intervalo de 4 ou de seis meses (92,4% versus 55% e 50%), bem como na redução da contagem de ovos (98,5% versus 97,2% e 90,6%) (p<0,0001). A comparação dos mesmos fármacos, porém mebendazol 500 mg em tomada única, demonstra taxas de cura superiores para o albendazol após 21 dias de tratamento (97,4% versus 83% para mebendazol) e após 4 meses, com valores de 92,6% e 87,6%, respectivamente. Após 6 meses, a intensidade de infecção foi maior do que a de pré-tratamento para ambos os grupos tratados (prevalência pré-tratamento = 92% e pós-tratamento= 95%). Sugere-se reavaliar a periodicidade de repetição do tratamento (para 4 meses) em locais com maior vulnerabilidade, visto
o retorno dos valores de prevalências, o que se atribuiu a alta taxa de re-infecção.
Tricuríase:
Nitazoxanida apresentou taxas de cura de 100% dez dias após o tratamento, com efeitos adversos mínimos47(B). Ivermectina, após um
mês de tratamento, apresentou taxas de cura de 85%, também com efeitos adversos desprezíveis48(B). O uso de albendazol 400 mg,
em única tomada, em intervalos de seis meses, tem eficácia similar a mebendazol 600 mg a cada quatro meses (taxas de cura após um ano cerca de 68%) e ambos são mais eficazes do que o de mebendazol 600 mg, tomado no intervalo de seis meses (60%) (p=0,035). Os três esquemas terapêuticos obtiveram taxas de redução de ovos após um ano de tratamento maiores que 90%35(B). O sucesso terapêutico com o uso de albendazol 400 mg e de mebendazol 500 mg, ambos em única tomada, foi de 57,8% e de 77,2% após 21 dias e de 61,5% e 50,8% após 4 meses de tratamento, para cada fármaco, respectivamente. Após seis meses, as taxas de infecção foram similares às do período de pré-tratamento (prevalência pré-tratamento = 97% e póstratamento = 97%).
ENTEROBÍASE, ESTRONGILOIDÍASE E AMEBÍASE:
O tratamento ideal, principalmente quando não se dispõe de dados de prevalências locais, seria um fármaco de amplo espectro, devido à
comodidade de uso de uma única droga. Porém, não há medicamento único que seja eficaz para todas as enteroparasitoses mais prevalentes na infância. Uma alternativa pode ser o uso de albendazol, em intervalos de quatro meses, visando ao controle de ascaridíase, enterobíase, ancilostomíase, estrongiloidíase e giardíase. Nota-se que não é a primeira escolha para giardíase, principalmente se avaliarmos sua baixa eficácia 21 dias após o tratamento; porém é a opção mais abrangente com uma única droga visando ao controle das parasitoses mais prevalentes em geral. Se houver informação sobre alta prevalência de giardíase, pode-se associar o uso dos fármacos de escolha para seu tratamento, tinidazol ou metronidazol.
Fonte: Abordagem das Parasitoses Intestinais mais Prevalentes na Infância. Autoria: Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.
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Data de inscrição : 06/11/2014
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