MEDICINA UFOP
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Tratamento de parasitoses intestinais em crianças.

Ir para baixo

Tratamento de parasitoses intestinais em crianças. Empty Tratamento de parasitoses intestinais em crianças.

Mensagem  Marília Qui Dez 11, 2014 3:06 pm

Para a abordagem terapêutica, foram consideradas as evidências referentes às parasitoses mais comumente encontradas: giardíase,
ascaridíase, ancilostomíase, tricuríase, enterobíase, estrongiloidíase e amebíase.
Giardíase:
Para o tratamento de giardíase, indica-se o uso de tinidazol 50 mg/kg, em tomada única. Sua indicação é decorrente tanto de sua maior eficácia >90% (> 98% de cura 7 dias após o tratamento, 86% após 14 dias e 72% após 21 dias), como pela comodidade de tomada única (o que é fator positivo para a aderência ao tratamento. O tratamento para giardíase de crianças sintomáticas e assintomáticas frequentadoras de creche reduz significativamente a prevalência da doença após 6 meses de tratamento. É importante, também, o tratamento das pessoas responsáveis pelos cuidados destas crianças. Outra opção para o tratamento da giardíase é o metronidazol 7,5 mg/kg, de 8 em 8 horas, por 5 dias, que apresenta taxa de cura de 98%, 21 dias após o tratamento, ou suspensão de 25 mg/ml (< 10 kg – 7,5 ml; 10 – 19,9 kg – 15 ml; 20 – 29,9 kg – 22,5–ml; ≥ 30 kg – 30 ml), de 8 em 8 horas, por 10 dias, com taxa de cura de 96%, 3 dias após o término do tratamento.
Ascaridíase:
O tratamento com albendazol 400 mg, única tomada, para ascaridíase demonstra ser eficaz no ganho ponderal (mais de 40% das
crianças com ganho maior que 10%) e na redução de ovos das fezes em 76% após 9 meses de tratamento, quando comparado a placebo
(p<0,01). O uso de albendazol 100mg, a cada 12 horas, por um dia, apresenta taxas de cura 21 dias após o tratamento de 97,5%, com redução na contagem de ovos de 99% em relação ao placebo (p<0,001). Mebendazol 500 mg, única tomada, apresenta taxas de cura maiores que 95%, bem como de redução de ovos após 21 dias de tratamento. Esquemas de mebendazol 100 mg, a cada 12 horas, por 3 e 6 dias demonstraram taxas de cura e de redução de ovos superiores a 95%47(B). Mebendazol 600 mg em dose única, em intervalos de quatro meses, é mais eficaz (taxa de cura de 97,5%) do que albendazol 400 mg, dose única, a cada seis meses (taxa de cura de 83,5%) (x2 =45,1, p<0,0001) quando avaliados aos 12 meses após o tratamento. Mebendazol 500 mg e albendazol 400 mg, em única tomada, em intervalos de quatro meses, são igualmente eficazes no tratamento de ascaridíase, com taxas de cura de 99% após 21 dias de tratamento e de 97% após 4 meses (p>0,05). A prevalência após 6 meses de tratamento (67%) é similar à do período pré-tratamento (72%), provavelmente por reinfecção em ambientes de alta prevalência, indicando a necessidade de se optar pelo tratamento com um dos fármacos citados em intervalos de quatro meses. A combinação mebendazol-levamizol (500 mg/40 ou 80 mg) é superior ao uso de cada um dos dois fármacos isoladamente, com taxa aos 21 dias após o tratamento de 97,7% e de redução dos ovos de 99% (p< 0,001). Pamoato de piranteloxantel [(1 comprimido = 150 mg - peso 15-20 kg; 2 comprimidos - peso 21 – 30 kg e 3 comprimidos - peso 31 – 40 kg)34(B), ou no esquema de 10 mg/kg47(B), ambos em única tomada] demonstra ser alternativa eficaz no tratamento de ascaridíase, com taxas de cura e de redução de ovos após 21 dias maiores que 95%34,46(B). O uso de nitazoxanida e ivermectina, avaliado após 10 e 30 dias, respectivamente, demonstrou taxas de cura de 100%, com efeitos adversos mínimos, podendo ser boas alternativas para o tratamento de ascaridíase em crianças.
Ancilostomíase:
Após quatro semanas de tratamento com albendazol 400 mg em dose única, em intervalos de 6 meses, obtiveram-se maiores taxas de cura e de redução de ovos (79% e 98,5%, respectivamente), quando comparado ao uso de mebendazol 600 mg, a cada quatro ou 6 meses,
em dose única (taxas de cura de 46,6% e 43,8% e redução de ovos de 91,2% e 86,3%). Também o albendazol demonstrou superioridade na taxa de cura em relação ao mebendazol, após um ano de tratamento, tanto para o intervalo de 4 ou de seis meses (92,4% versus 55% e 50%), bem como na redução da contagem de ovos (98,5% versus 97,2% e 90,6%) (p<0,0001). A comparação dos mesmos fármacos, porém mebendazol 500 mg em tomada única, demonstra taxas de cura superiores para o albendazol após 21 dias de tratamento (97,4% versus 83% para mebendazol) e após 4 meses, com valores de 92,6% e 87,6%, respectivamente. Após 6 meses, a intensidade de infecção foi maior do que a de pré-tratamento para ambos os grupos tratados (prevalência pré-tratamento = 92% e pós-tratamento= 95%). Sugere-se reavaliar a periodicidade de repetição do tratamento (para 4 meses) em locais com maior vulnerabilidade, visto
o retorno dos valores de prevalências, o que se atribuiu a alta taxa de re-infecção.
Tricuríase:
Nitazoxanida apresentou taxas de cura de 100% dez dias após o tratamento, com efeitos adversos mínimos47(B). Ivermectina, após um
mês de tratamento, apresentou taxas de cura de 85%, também com efeitos adversos desprezíveis48(B). O uso de albendazol 400 mg,
em única tomada, em intervalos de seis meses, tem eficácia similar a mebendazol 600 mg a cada quatro meses (taxas de cura após um ano cerca de 68%) e ambos são mais eficazes do que o de mebendazol 600 mg, tomado no intervalo de seis meses (60%) (p=0,035). Os três esquemas terapêuticos obtiveram taxas de redução de ovos após um ano de tratamento maiores que 90%35(B). O sucesso terapêutico com o uso de albendazol 400 mg e de mebendazol 500 mg, ambos em única tomada, foi de 57,8% e de 77,2% após 21 dias e de 61,5% e 50,8% após 4 meses de tratamento, para cada fármaco, respectivamente. Após seis meses, as taxas de infecção foram similares às do período de pré-tratamento (prevalência pré-tratamento = 97% e póstratamento = 97%).
ENTEROBÍASE, ESTRONGILOIDÍASE E AMEBÍASE:
O tratamento ideal, principalmente quando não se dispõe de dados de prevalências locais, seria um fármaco de amplo espectro, devido à
comodidade de uso de uma única droga. Porém, não há medicamento único que seja eficaz para todas as enteroparasitoses mais prevalentes na infância. Uma alternativa pode ser o uso de albendazol, em intervalos de quatro meses, visando ao controle de ascaridíase, enterobíase, ancilostomíase, estrongiloidíase e giardíase. Nota-se que não é a primeira escolha para giardíase, principalmente se avaliarmos sua baixa eficácia 21 dias após o tratamento; porém é a opção mais abrangente com uma única droga visando ao controle das parasitoses mais prevalentes em geral. Se houver informação sobre alta prevalência de giardíase, pode-se associar o uso dos fármacos de escolha para seu tratamento, tinidazol ou metronidazol.

Fonte: Abordagem das Parasitoses Intestinais mais Prevalentes na Infância. Autoria: Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.

Marília

Mensagens : 5
Data de inscrição : 06/11/2014

Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos