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Avaliação do déficit de memória, com ênfase na demência, senescência e comprometimento cognitivo leve

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Mensagem  Rodrigo Vilela Ventura Sáb Jun 20, 2015 2:49 pm

Memória é o elo que conecta pensamentos, impressões e experiências. A função da memória depende de várias habilidades mentais e cognitivas, que usam diversos sistemas cerebrais. Muitos processos de doenças podem resultar no comprometimento desses sistemas. Quando um paciente chega ao neurologista com perda de memória, geralmente ele ou sua família estão preocupados com um processo neurodegenerativo ou demência. Geralmente, a demência é definida como o comprometimento da memória e de pelo menos um outro domínio cognitivo, que resulte no declínio da habilidade de realizar atividades da vida diária. Uma definição mais simples de demência requer um declínio em mais de um domínio cognitivo (por exemplo, memória, linguagem, função visuoespacial ou função executiva frontal) que interfira na habilidade do sujeito de funcionar de maneira independente.

DEMÊNCIA: a prevalência é de cerca de 1% aos 60 anos, podendo atingir 30% a 50% aos 85 anos. A maioria dos casos de demência apresenta causas degenerativas e vasculares, embora também possam ser causadas por infecções, doenças inflamatórias, neoplasias, irritações tóxicas, distúrbios metabólicos e traumas. Estima-se que 10% a 20% das demências sejam causadas por condições potencialmente reversíveis; portanto é extremamente importante excluir essas condições no diagnóstico da demência. Algumas condições podem apresentar-se de maneira similar à síndrome demencial e precisam ser consideradas durante a avaliação, essas incluem o comprometimento cognitivo leve, a pseudodemência (transtorno depressivo), o envelhecimento normal e, com importância de âmbito urgente, o delirium e os TCEs. Na atenção primária, uma abordagem inicial pode ser feita pelo teste do Mini Exame do Estado Mental (MEEM ou Minimental), cujo resultado é normal acima de 27 pontos, indica demência abaixo de 24 ou 17 (em caso de menos de 4 anos de escolaridade).
Avaliação do déficit de memória, com ênfase na demência, senescência e comprometimento cognitivo leve 07q01

Ao avaliar um paciente com preocupações sobre perda de memória, as seguintes questões devem ser consideradas:
1- O paciente realmente tem perda de memória ou há outro problema cognitivo causando o distúrbio de memória?
2- Qual é a localização do problema de memória no cérebro?
3- Quais etiologias são responsáveis pelo distúrbio de memória?
4- Qual é o perfil temporal da perda de memória: agudo (segundos/minutos/horas), subagudo (dias/semanas) ou crônico (meses/anos)

1- PERDA DE MEMÓRIA VERSUS OUTRO PROBLEMA COGNITIVO: a primeira consideração é determinar se o paciente realmente tem perda de memória ou se há outro problema cognitivo.
Disfunções na memória podem resultar de lesões hipocampais (perda de memória de curto prazo, por exemplo, demência de Alzheimer), bem como de lesões na estrutura do cérebro envolvidas no armazenamento de longo prazo (por exemplo, demência semântica). Em muitos casos, a memória é codificada adequadamente no hipocampo, mas os pacientes têm dificuldade de recuperar a memória armazenada. Tipicamente, essa deficiência na recuperação se deve a problemas na função do lobo frontal, frequentemente causados por doença da substância branca.
Algum grau de perda de memória ocorre normalmente com o envelhecimento. O envelhecimento normal causa redução da capacidade de recuperação por um declínio na função do lobo frontal, mas sem interferir nas atividades da vida diária. A perda de memória se torna particularmente preocupante quando afeta as funções ou atividades da vida diária.
É importante diferenciar entre distúrbios de consciência flutuantes e transitórios decorrentes de um delirium e um distúrbio de memória subjacente. A história, o exame físico e o teste psicológico podem ser úteis para distinguir entre um distúrbio de memória primário e um delirium ou comprometimento da memória.
Uma pseudodemência relacionada à depressão pode resultar em um quadro clínico sugestivo de distúrbio de memória. Devem ser feitas considerações sobre o estado emocional do paciente, pois paciente deprimidos podem apresentar diminuição da concentração, interrupção do sono e deficiências leves na recordação tardia, que podem se manifestar como um distúrbio de memória.
Pacientes com problemas ou queixas sobre memória, que não se encaixam no diagnóstico de demência porque não são funcionalmente deficientes, geralmente são reconhecidos como tendo um comprometimento cognitivo leve (CCL). Por definição, os déficits em pacientes com CCL não são suficientemente graves para interferir em suas atividades normais da cida diária. A forma mais comum de CCL é o CCL amnéstico, no qual a memória é o problema primário. Cerca de 50% dos paciente diagnosticados com CCL amnéstico progredirão para demência em até 5 anos. Muitos acreditam que o CCL é um precursor ou uma continuidade da demência e que deve ser tratado proativamente, através da prevenção de fatores de risco cardiovasculares, um programa ativo de exercícios cardiovasculares e um estilo de vida ativo e sociável.

2- LOCALIZAÇÃO DO PROBLEMA DE MEMÓRIA: a memória tem sido dividida em 5 sistemas, cada um relacionado a uma topografia cerebral: episódica (hipocampo e circuitos límbicos), de trabalho (córtex pré-frontal e giro angular), semântica (lobos temporais inferolaterais), ecóica e procedural (gânglios da base, cerebelo e área motora suplementar)

4- ETIOLOGIA DA PERDA DE MEMÓRIA: processos neurodegenerativos, inflamatórios, infecciosos, metabólicos, vasculares, traumáticos, episódicos e endócrinos: todos podem causar danos à memória através do comprometimento dos circuitos límbico e prefrontal

Fontes: BMJ (http://brasil.bestpractice.bmj.com/best-practice/monograph/710.html); (http://brasil.bestpractice.bmj.com/best-practice/monograph/242/diagnosis/step-by-step.html)

Rodrigo Vilela Ventura

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