Diagnóstico e Tratamento da Fibromialgia

Definição
A fibromialgia é uma síndrome dolorosa crônica, não inflamatória, de etiologia desconhecida e que se manifesta no sistema músculo-esquelético. É uma doença muito comum, com prevalência de 2% na população e geral, com predomínio para mulheres (6-10:1). Em alguns casos associa-se ao Lupus Eritematoso Sistêmico (30%), Artrite Reumatóide (25%) e Síndrome de Sjörgren (50%). Um fato importante é a maior prevalência do diagnóstico de depressão nos pacientes com fibromialgia.
Algumas pesquisas tentaram comprovar que a fibromialgia se tratava na verdade de um distúrbio de origem psicológica, como se fosse uma variante de doença depressiva. No entanto, a dor que esses pacientes sentem é comprovadamente real, sendo os sintomas psicológicos secundários à essa dor.
Diagnóstico
O quadro clínico é polimorfo. Os sintomas presentes em todos os pacientes são dor difusa e crônica, envolvendo o esqueleto axial e periférico. A característica da dor é bem variável, podendo ainda haver referência de agravamento do sintoma com o frio, umidade, mudança climática, tensão emocional ou por esforço físico. Sintomas que acompanham a dor são o sono não reparador, a fadiga e a sensação parestésica que não segue a distribuição dos dermátomos. Outro sintoma comum é a sensação de edema, mais comumente em mãos, antebraços e trapézios, que o paciente refere mas que o examinador não consegue constatar ao exame físico. Acompanhando essas queixas relacionadas ao sistema músculo-esquelético, podem estar presentes várias outras queixas inespecíficas, como cefaleia, tontura, zumbido, dor abdominal, entre outras.
O exame físico fornece poucas informações. O único achado relevante costuma ser a presença de sensibilidade dolorosa em determinados pontos anatômicos, chamados de tender points, que não necessariamente estarão relacionados aos pontos de dor referidos pelos pacientes. Os critérios mais atuais para diagnóstico de fibromialgia determinam que esses pontos são bilaterais e localizam-se nas regiões:
1. Suboccipital
2. Cervical baixo
3. Trapézio
4. Supra-espinhoso
5. Segunda junção costo-condral
6. Epicôndilo lateral
7. Glúteo médio
8. Trocantérico
9. Joelho



O critério de resposta dolorosa em pelo menos 11 dos 18 pontos é considerada para classificação, mas não é essencial para o diagnóstico. Não existem outras avaliações clínicas ou laboratoriais que possam auxiliar no diagnóstico.
O diagnóstico diferencial deve ser realizado com uma série de doenças, sendo que a síndrome de dor miofascial deve ser avaliada com maior cuidado, já que possui características muito semelhantes à fibromialgia.

Tratamento
O tratamento tem como objetivo o alívio da dor, a melhora da qualidade do sono, a manutenção ou restabelecimento do equilíbrio emocional, a melhora do condicionamento físico e o tratamento específico de desordens associadas.
O tratamento farmacológico pode se utilizar de antidepressivos tricíclicos, como a amitriptilina, a ciclobenzaprina e bloqueadores seletivos da receptação da serotonina, que irão agir periférica e centralmente potencializando o efeito analgésico dos opióides endógenos, aumentando a duração do sono n-REM, melhorando os distúrbios do sono e diminuindo as alterações de humor. Os benzodiazepínicos podem ser utilizados para tratamento dos distúrbios do sono. Analgésicos comuns, como paracetamol e dipirona também podem ser usados para alívio da dor.
Como parte do tratamento não-farmacológico, os exercícios físicos aeróbicos e sem grandes impactos são de elevada importância. Por exemplo, a realização de caminhada por 30 minutos a 1 hora por dia pode proporcionar efeitos terapêuticos. Outros tratamentos alternativos, como a acumpuntura, ou o suporte psicológico podem promover melhora dos sintomas em situações específicas.

Referências
PROVENZA, J.R. et al. Fibromialgia. Projeto Diretrizes: Sociedade Brasileira de Reumatologia, 2004.